Deus: aprecie com moderação

religião é uma droga

E há  sempre o caso do crente que exulta e se vangloria do fato de que “sua” igreja está crescendo:

— Somos, hoje, “tantos” milhões e a previsão para “tal” ano é de que esse número aumente para inacreditáveis “tantos” milhões!!!

Comparadamente, é a mesma alegria (ou esperança) que deveria ter o viciado em crack, por exemplo, ao saber que a quantidade de drogados no país está aumentando. Sim, porque, admitindo-se que esse número cresce de forma vertiginosa, é de se supor que o usuário de crack sonhe com o dia em que poderá fumar seu cachimbo despreocupadamente, já que se todo mundo estiver consumindo sua droga preferida, do policial que cumpre a lei ao deputado que a redige, ele certamente não será mais incomodado. Para o viciado, uma sociedade assim, onde todos seriam dependentes também; onde ele poderia curtir o seu barato de 10 segundos por baforada sem que ninguém viesse lhe encher o saco; onde ele poderia adquirir sua pedra legalmente em qualquer estabelecimento e fumá-la em qualquer lugar, “seria o céu!“.

Para o crente, é a mesmíssima coisa. Um lugar em que ninguém é mentalmente são, é um lugar onde não existe nenhum louco, porque a percepção da loucura só é possível numa mente sã.

Mas eis que você, amigo crente, ainda não está vivendo nesse lugar. E o Barrinhos aqui vai continuar enchendo o vosso saco, feito à imagem e semelhança do saco sagrado do Criador: o que você não quer enxergar é que o número de fiéis está crescendo vertiginosamente porque muita gente esperta há tempos percebeu como é fácil ganhar dinheiro apenas com um altar e umas cadeiras de plástico.

Tudo não passa de uma relação forte, eficaz e rentabilíssima entre o usuário de Deus, eternamente drogado, e as quadrilhas de traficantes, eternamente sedentas por dinheiro. E a demanda pela droga é tão grande, que quando os donos da boca de culto não se entendem quanto à divisão dos lucros, eles nem precisam fazer uma guerra entre suas quadrilhas. Eles apenas se separam, e o dissidente funda uma nova igreja, precisando apenas arcar com o trabalho de marketing para a nova marca.

E a receita é a mesma: esperteza + ganância + talento + cara de pau + fé em Deus = grana. Muita grana.

A ideia de Deus — deixando de fora a coação e o doutrinamento infantil — se sustenta à custa de fantasias, ilusões, enganos, ignorância, medos, carências, mitos e mentiras descaradas. Tudo isso muito bem compartilhado e propagandeado como verdades óbvias, provas absolutas e explicações incontestáveis.

Só  pra ficar num exemplo apenas…

Todo dia alguém perde um voo, pelos mais variados motivos. Eu, por exemplo, já perdi uma vez por ter dormido na sala de embarque. Enfim, sempre alguém se atrasa, fica doente, ou preso num engarrafamento. E o avião decola com um a menos. Isso acontece o tempo todo, em todas as partes do mundo e a vida segue normalmente. Entretanto, quando acontece um acidente aéreo sem sobreviventes, aquele passageiro que perdeu o voo, juntamente com todos os outros cristãos dopados que nem ele, vai atribuir tal “milagre” ao seu Deus misericordioso, que impediu que ele embarcasse, salvando sua vida tão preciosa e poupando sua família e amigos de sofrer com a tragédia. Como se todos os outros mortos no acidente não gostassem de viver e não fossem fazer falta a ninguém.

Para mim, particularmente, seria muito mais fácil crer num Deus que permitisse a queda de um avião, se, depois, eu ficasse sabendo, pela Patrícia Poeta, que o cara que perdeu o voo era um crente dos mais devotos, e todos os que morreram, ateus. Se não for o caso — e nunca é — , nós só ficamos com a cretinice de uma religião que, além de ver o mundo do jeito que lhe convém, quer impor essa visão doentia a todo o resto de nós.

O mundo religioso é um embuste, uma farsa. É o efeito de uma droga que te ensinaram a consumir antes mesmo de você aprender a andar. Sua hóstia consagrada é uma massa de pão; o sangue de Cristo que o padre e o papa bebem no altar é apenas vinho misturado com água; seu livro sagrado é uma coleção de mitos; a imagem de Jesus na sua camiseta, de olhos azuis, ondulados cabelos castanhos-claros, lábios finos, pele branca, e cara de quem acabou de sair de um salão de beleza, é tão inverossímil quanto a entidade que ela representa; seus dogmas são ridículos; suas orações, inúteis.

Se todas essas coisas que as pessoas te disseram que são verdades se revelam mentiras grotescas, você bem que poderia extrapolar o raciocínio e tender a achar que tudo o mais também não passa de uma fraude, e acabar por concluir que o que você consegue na vida por obra e graça do Espírito Santo eu posso conseguir, também, se orar fervorosamente, todas as noites, ao meu ferro de passar roupa.

Mas você não quer pensar assim; você não quer nem pensar nisso. Na verdade, você não quer nem mesmo pensar. Você não consegue sequer imaginar como seria viver fora desse seu mundinho mágico. E nem mesmo tenta. Por quê?

Porque você se viciou numa droga chamada Deus.


 

Deus: aprecie com moderação [versão completa]

9 Respostas

  1. A ideia de Deus — deixando de fora a coação e o doutrinamento infantil — se sustenta à custa de fantasias, ilusões, enganos, ignorância, medos, carências, mitos e mentiras descaradas.

    Não é o que diz bilhões de pessoas teístas no mundo. Já que faz uma afirmação tão ‘contra-corrente’, seria bom explicar melhor.

    Só fique sabendo que o valor ‘científico’ de você falar que eu creio em Deus por simples medo é comparável a eu te dizer que você não crê em Deus por alguma revolta interna, alguma decepção na vida que o fez ficar de mal com Deus.

  2. Não disse que você crê em Deus por simples medo, mas que a ideia que você tem dele se sustenta à custa de fantasias, ilusões, enganos, ignorância, medos, carências e mentiras descaradas.

    Foi o texto que você citou. Você só não sabe ler…

  3. Que grande diferença dizer “acreditar por medo” e “crança sustentada por medo”. Mais uma vez ficou nos rodeios, nas pecuinhas, mas na hora H, de justificar… saída pela tangente…

  4. Barros,

    Muito oportuno o exemplo do acidente de avião. A nossa Musa das Selvas, a candidata a presidente Marina Silva, que entre outras impropriedades é a favor de ensino religioso nas escolas, se saiu com a conversa de que o fato de não ter morrido no acidente que matou Campos deve-se à providência divina.
    É um exemplo ótimo de como os espertos levam os trouxas no bico.
    O que a maioria não sabe é que ela não embarcou no voo para não ter que se encontrar com um desafeto político.
    Sete pessoas morreram no acidente e ela não viu problema nenhum em, na prática, dizer que Deus a acha mais importante que todos esses mortos. É só uma das coisas que me enojam em certos crentes.

    Por falar em acreditar em Deus por n razões, eu dei uma oportunidade excelente á ele. Estou com uma gripe monstro e pensei:
    “Taí uma oportunidade de ouro: se Deus me cura dessa gripe nesse instante eu vou saber que ele existe”.
    Isso já faz uns dez minutos e até agora, já espirrei umas quinhentas vezes e a dor de cabeça continua igual.
    Em todo caso, vou esperar mais uns dez minutos, vai saber se Deus não está ocupado salvando um passageiro dentre muitos nalgum acidente de avião por aí…

  5. Hehehehe… Deve ser por causa da proposta de adestrar as crianças na escola que Deus salvou a Marina Silva.

  6. consagraçao da hóstia sagrada e canibalismo puro a hóstia carne o vinho e o sangue pra min e canibalismo .

  7. quero ir pro inferno pois la tem muitos parentes e amigos meus e não vou abondonalos, que eu vou fazer no ceu sem eles. que adianta eu curtir o ceu sabendo que els estão sofrendo no inferno.

  8. Otimo texto Barros,realmente,chega a dar nojo esse tipo de pensamento,a pessoa se vangloriar que escapou enquanto centenas morrem,é um pensamento imoral para se dizer o mínimo.É a mesma situação em relação ao inferno como disse o Luis Dias acima,é como pensa a cabeça deturpada de um crente,”se eu estou bem o resto que se…”

  9. É esse tipo de pensamento que comprova que a fé religiosa é um tipo de doença mental (semicontrolada pelo doente).

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